A Igreja não tem garantias de que ela sempre terá um papa (sem interrupções); mas quando ela possui um, é garantida à ela um que seja Católico.

Thursday, July 14, 2016

Resistência de São Paulo á São Pedro justifica a desobediência ao Papa?

Os Teólogos não apoiam "resistência" pública à legislação e doutrina de um verdadeiro papa.

Diante disto, a turma do "R&R" (Reconhece & Resiste - FSSPX/'Resistência') tem interminavelmente -- e eu quero dizer in-ter-mi-na-vel-men-te - reciclado um conjunto de citações de vários teólogos que supostamente apoiam uma "resistência" pública às "más leis e as falsas doutrinas de um papa".(17)

As citações caem em dois grupos:

(1) Comentários sobre a Resistência de Paulo a Pedro. (Gal 2, 11-14) Aqui São Paulo repreendeu São Pedro, publicamente, pela
São Paulo "fraternalmente" repreende
São Pedro em público.
observância hipócrita das leis alimentares do Antigo Testamento: "Eu o repreendi em sua face, porque ele foi culpado.


São Tomás(18) dentre outros (19) observam que São Paulo deu um exemplo de como os subalternos devem prestar a correção fraterna, "mesmo publicamente", aos seus prelados se eles cometerem um crime público, escandaloso e um perigo para a fé. Este é o ensinamento padrão nos manuais de teologia moral.

Esse princípio, no entanto,  só se aplica a correção fraterna. Nenhum teólogo que eu conheça estende esse princípio para rejeitar leis universais disciplinares ou ensinamentos de seu magistério ordinário universal.(20) O teólogo Suarez, de fato, diz que nem Gálatas 2: 11-14, e nem Mateus 18: 17-21 permitem "correcção fraterna" de um papa através de denúncia pública do seu crime. (22)


(2) A resistência a um Papa está "Destruindo a Igreja." 

Os R & R (Reconhecer & Resistir) - muitas vezes citam passagens de teólogos do século XVI e XVI que dizem ser admissível "resistir" um verdadeiro papa que ataca as almas, incentiva sacrilégios, nomeia homens indignos ou vendem ofícios da Igreja, começam guerras injustas, provocam a violência espiritual, ordenam coisas más, profanam coisas santas, destroem a Igreja, etc. Disto, estes R & R concluem que "em circunstâncias extraordinárias, um católico pode não só ter o direito, mas o dever de desobedecer ao Papa." (23) No entanto.:

• Estas passagens não  justificam nada mais do que desobedecer comandos ruins de um papa ("Venda Fátima para a Disney", "Monsenhor, explora a Basílica de São Pedro e depois traga-me um coral de louras ..."), mas não resistindo sua leis (24) universais (que são infalíveis) e do magistério ordinário universal do papa e bispos (também infalíveis).

• Por não examinam o contexto de suas "provas", os "Resistentes" concluem, erroneamente, que os autores estavam aprovando uma "resistência" individual dos católicos a um papa.
Mas, na verdade as citações eram parte do argumento Católico contra as teorias do teólogo conciliarista Gerson (1363- 1429) (25) sobre o quanto um concílio geral ou provincial, de bispos ou de um rei católico, poderia ou "corrigir" ou "resistir" um perverso e imoral papa --como alguns papas da Renascença que, vendiam cargos eclesiásticos, nomeavam indignos á cargos, irresponsavelmente concedia dispensas e, portanto, "manifestamente destruía a Igreja." (26)

Assim, no que se refere a cada citação, ou o título da obra em que apareceu seu contexto geral, ou a pergunta que precedeu indica claramente que Caetano, (27) Vitoria, (28) Bellarmine (29) e Suarez (30) estavam apoiando uma resistência aos papas ruins através de concílios, não indivíduos. (Veja as notas de rodapé.)


Um comentário teológico sobre Vitoria confirma isso: "... quando um papa por dispensas arbitrárias manifestamente destrói a Igreja, não as pessoas privadas, mas os bispos, no Concílio ou por mútuo acordo pode resistir a aceitar ou implementá-las... Autores distintos e fiéis defensores da autoridade papal como Caetano igualmente acolhia este ensinamento. " (31)

Vitoria coloca o último prego no caixão nas citações sobre a "resistência" dos R & R:

"Proposição 23: 'Não pareceria permitido qualquer pessoa privada em sua própria autoridade resistir e não obedecer a diretrizes do Papa, por mais que estes entrem em contradição com a decisão de um concílio'." Isso é correto. Porque seria um grande ato de irreverência e quase desprezo pela autoridade suprema, se alguém fosse autorizado a agir em relação a um papa de uma forma que não é permitido nem para um bispo, cuja directiva (injusta que seja) não poderia ser desobedecida pela autoridade privada. " (32)


*****

Uma vez que a autoridade da Igreja não pode nos dar o erro ou o mal, e uma vez que indivíduos católicos não podem "resistir" um verdadeiro papa, os R & R possuem três conclusões possíveis:

(1) Os ensinamentos da missa nova e do Vaticano II são católicos. (Pare de resistir, vá á missa do Novus Ordo na Igreja de São Tailhard, faça o homeschool de seu filho Marcel com o novo Catecismo, e inscreva a pequena Filomina para coroinha feminina.)

(2) A autoridade da Igreja Católica falhou. 
(Vá para a igreja episcopal -- belas músicas, sem confissão)

(3) A Missa Nova e os ensinamentos do Vaticano II não são Católicos, e por isso não poderia ter vindo da autoridade da Igreja. 
(Bem-vindo ao...)  [Continuação em breve]



http://www.traditionalmass.org/images/articles/Resist-Franken-P.pdf

_____________________________________________

Citações

17. For example, Michael Davies, Pope Paul’s New Mass (Dickinson TX: Angelus 1980) 589ff; Atila Guimarães et al., We Resist You to the Face (Los Angeles: TIA 2000), 56ff, etc. The quotes seem to have first been circulated in an appendix to Arnaldo Xavier da Silveira’s Consideracoes sobre o Ordo Missae de Paulo VI (Sao Paulo: 1970). It was in one of his early works in Portuguese that I first saw brought together the writings of various theologians on the issue of a heretical pope — for me a rather astounding discovery. Mr. da Silveira was one of the founders of TFP.

18. Summa 2-2:33.4; Ad Galatas 2:3.11-14, S. Pauli Apostoli Epistolas (Turin: Marietti 1929) 1:542, 543; Scriptum super Sententiis 19:2.2.3 (Paris: Lethielleux 1947) 4:112ff. 

19. Cornelius a Lapide, Ad Galatas 2:11, Commentarium in S.S. (Lyons: Pelagaud 1839) 9:445, 446, 447.

20. If anyone maintains that it does, he can spare me his arguments and just cite the theological works that specifically support his position.

21. “And if he will not hear thee, tell the church.”

22. De Immunitate Ecclesiastica 4:6.12, in Opera Omnia (Paris: Vivès 1859) 24:381. “I therefore respond to the objection that fraternal correction to the Supreme Pontiff is fitting, insofar as it is a duty of charity, and as such it is proven that this may take place as someone greater by someone lesser, and as a Prelate is corrected by his subject, as Paul acted towards Peter... Thus the Pontiff may be respectfully corrected and admonished, first alone, if his crime be secret, and then before a few others, if the matter and necessity require it. But what follows, ‘tell the church,’ has no place here, because the term ‘Church’ means not the body of the Church, but [an offender’s] Prelate.... Because the pope has no superior Prelate, such a denunciation has no place in his case. Rather since he himself is the Pastor of the whole Church, the Church is sufficiently ‘told’ of his sin when it is told to the Pope himself.”

23. Thus Davies, Pope Paul’s New Mass, 602.

24. A law is general and stable. A command is particular or transitory, i.e., it has a limited object (do this or that now) or binds only a certain number of persons. See: R. Naz, “Précepte,” Dictionnaire de Droit Canonique (Paris: Letouzey 1935-65) 7:116-17.

25. See L. Salembier, “Gerson, Jean Charlier de,” in DTC 6:1312-22. Conciliarism taught that a pope was subject to a general council. Gerson was a favorite of 16th-century Protestants.

26. See J-G Menendez-Rigada, “Vitoria, François de,” in DTC 15:3130. “il réprou- ve avec quelque âpreté l’abus que les papes de la Renaissance faisaient de leurs pourvoirs pour concéder toutes sortes de dispense....par des dispenses arbitrar- ies détruit manifestement l’Église....”

27. Note the title: The Authority of the Pope and a Council Compared. The most- frequently quoted R&R passage (“resisting a tyrant is an act of virtue...a pope publicly destroying the Church must be resisted,” etc.) appears in chapter 27, and is immediately followed by: “Many are the ways by which, without rebel- lion, secular princes and prelates of the Church, if they wish to use them, may offer resistance and an obstacle to an abuse of power.” See De Comparatione Auc- toritatis Papae et Concilii, (Rome: Angelicum 1936), 411-12.

28. Note the title: The Power of a Pope and a Council. The R&R passage (“A pope must be resisted who publicly destroys the Church... he should not be obeyed... one would be obliged to resist... it is licit to resist him,” etc.) is a response to question 23: “Once a Council has made such a declaration and decree, if a Pope were to command the contrary, would it be permissible for bishops or a pro- vincial Council to resist such a command on their own, or even petition princes to resist the Supreme Pontiff by their power, thus preventing the execution of his commands?” De Potestate Papae et Concilii 23, in Obras de Francisco de Vitoria: Relecciones Teologicas (Madrid: BAC 1960) 486. Vitoria incorporates into his re- sponse the above-quoted R&R passage from chapter 27 of Cajetan’s work.

29. The R&R passage (“...it is licit to resist [a Pope] who attacks souls... or above all, tries to destroy the Church... It is licit to resist him by not doing what he orders and by impeding the execution of his will...”) is a response to Objection 7: “Any person is permitted to kill the pope if he is unjustly attacked by him. There- fore, even more so is it permitted for kings or a council to depose the pope if he disturbs the state, or if he tries to kill souls by his bad example.” De Romano Pon- tifice II.29 in De Controversiis Christiani Fidei (Naples; Giuliano 1836) 1:417-18. All nine arguments in chapter 29 are over whether a pope is subject to a king or a council. In his response to Objection 7 Bellarmine likewise cites the above-quoted R&R passage from chapter 27 of Cajetan’s work. See also: Cekada, “The Bellar- mine Resistance Quote: Another Traditionalist Myth,” SGG Newsletter (October 2004), www.traditionalmass.org

30. Note the title: Ecclesiastical Immunity Violated by Venice. For the R&R passage (“If [a Pope’s] violence would be spiritual, ordering [n.b., not legislating/teaching] evil things, or profaning or destroying sacred things, he may be resisted in a proportionate way”), Suarez likewise cites for his authority Chapter 27 of Cajetan (“secular princes and prelates of the Church...may likewise offer resistance), and even uses some identical language. De Immunitate Ecclesiastica 4:6.17-18 in Opera Omnia 24:383.

31. Menendez-Rigada, DTC 15:3130-1. “Il vaudrait mieux que, quand le pape par des dispenses arbitraires détruit manifestement l’Église, non point les particuli- ers, mais les évêques, en concile ou d’accord entre eux, résistassent à leur accep- tation et à leur mise à l’exécution, demeurant sauf le respect dû au pontife. Ainsi le soutiennent des auteurs distingués et de fermes défenseurs de l’autorité pon- tificale, tel le cardinal Cajetano.”

32. De Potestate 22, Obras, 485: “Non videtur permittendum cuicumque privato sua auctoritate resistere et non parere mandatis Pontificis... Probatur. Quia esset magna irreverentia et quasi contemptus, si cuilibet hoc concederetur respectu Pontificis... non licet propria auctoritate discedere.”

No comments:

Post a Comment